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Desastres naturais em ambientes urbano ToC
Desastres naturais em ambientes urbano
Desastres naturais em ambientes urbano
Todos os anos durante o verão, em diversos pontos do país, assistimos à destruição causada pelas inundações, nesta ocasião, vidas são colocadas em risco, doenças são disseminadas (amebíase, cólera, leptospirose etc.), encostas deslizam, comércios e bens são destruídos e rotas de evacuação e deslocamento são bloqueadas.
Grande parte dos municípios formaram-se historicamente à beira dos rios devido ao acesso a recursos como água, peixes, viabilidade agrícola, transporte fluvial, recreação dentre outros fatores que facilitam o assentamento humano. No entanto, com o passar do tempo, o crescimento populacional e a necessidade de intervenções humanas como aterramento, canalização, retificação de rios, reorganização das malhas de trânsito, mostraram a outra face da escolha de se viver nas proximidades de redes hidrográficas, as inundações.
Cenário desesperador para muitas famílias e um dos pontos que deve ser levado em conta, caso a situação financeira permita, na hora de se escolher a localização de onde morar. Uma importante ferramenta para analisar a localização é o MAPA TOPOGRÁFICO (imagem da postagem) da sua cidade, você pode o encontrar aqui:
https://pt-br.topographic-map.com/
A legenda indica, pela cor, qual a altitude aproximada da região, no caso, quanto mais próximo do azul,
mais baixo (mais perigoso)
e quanto mais próximo do vermelho,
mais alto (mais seguro)
. Tomando por exemplo a capital de SP, temos que as regiões mais protegidas contra o desastre natural das inundações são as próximas às altitudes de 800m, localizadas aproximadamente à 5.5Km do rio pinheiros e tietê e 80 metros acima do nível de confluência das águas, no entorno da avenida paulista. Com a impermeabilização da cidade, as águas da chuva são impedidas de percolar o solo e correm das zonas de maiores para as menores altitudes rumo aos rios.
Por sua vez, os rios assoreados (acúmulo de sedimentos em seus leitos, ocupando volume e elevando o nível) sem suas matas ciliares que absorveriam no solo o excesso de chuva, aumentam de volume e transbordam, inundando as chamadas áreas de várzea (áreas intermitentes de inundação natural) que foram aterradas e ocupadas por habitações, colocando em risco a população residente na região.
Quanto maior a altitude da sua residência, mais protegido à situação de calamidade provocada pelas inundações você estará. Como os regimes de chuva e condições urbanas diferem de cidade para cidade, o básico é conhecer a topografia da região e o perímetro de várzea dos rios mais próximos, provavelmente a prefeitura da sua cidade tem os dados necessários para sua análise. Um outro fator na equação é a densidade urbana da região, bairros mais densos em termos de construções e menos arborizados, geram ilhas de calor que, por expandirem o ar, geram zonas de baixa pressão, atraindo as nuvens e provocando fortes chuvas localizadas. Massas de ar deslocam-se naturalmente das zonas de alta pressão para baixa pressão. Por exemplo, a evaporação na Cantareira (região arborizada, com menor temperatura e consequentemente zona de alta pressão relativa) forma nuvens que são carregadas para o centro de são Paulo, zona de temperaturas mais altas e baixa pressão, consequência da ilha de calor, causando chuvas concentradas que superam a capacidade de absorção e drenagem urbana, causando inundações nas áreas baixas.
Importante lembrar que a natureza, em muitas ocasiões, pode fugir do padrão, por exemplo, com trombas d’aguas em regiões altas que mesmo sendo mais seguras, podem sofrer danos imprevisíveis. Aqui tentamos mostrar o mais provável de acontece, um raciocínio indutivo para reduzir as probabilidades de sermos acometidos por desastres.
Analisar o mapa hidrográfico original da cidade (site da prefeitura ou da companhia de abastecimento) ajuda a entender os pontos naturais de alagamento, por exemplo, na capital paulista, percebemos que os locais mais frequentes inundados são os bairros da zona oeste, próximos ao rio pinheiros; os bairros da zona norte, próximos ao rio Tietê; o centro próximo ao antigo ribeirão Anhangabaú; o bairro do Ipiranga, próximo ao rio Tamanduateí e regiões de antigos riachos, córregos e lagos da malha hidrográfica original do terreno. Ou seja, as águas continuam seguindo exatamente seu percurso original. No entanto, agora escoam integralmente (sem infiltração) e velozmente, sobre as superfícies impermeabilizadas das avenidas, ruas e através das galerias subterrâneas, convergindo para o nível de base local e, ao invés de espraiarem-se em uma planície, acumulam-se numa superfície urbanizada, gerando riscos à população das cidades. Não somente inundações são causadas pelas chuvas, regiões mais baixas são, inclusive, passíveis de sofrer com deslizes de regiões mais altas com alta declividade (ângulo de inclinação da encosta) , quando as fortes chuvas carregam o solo instável de certas regiões, como ocorrido no túnel Rebouças no RJ em 2007. A ideia é se localizar fora do alcance do soterramento causado por áreas altas e também estar o mais centralizado possível em regiões altas, longe das encostas.
Tudo isso vale não somente para a localização de sua moradia, mas também de seu negócio e empresa, afinal, renda e economia também é vida, a destruição da fonte de sustento de empresários e empregados pode causar indiretamente mortes e outros efeitos indiretos indesejados.
Concluindo, busque a localização mais adequada, dentro da sua realidade e orçamento, que lhe permita habitar o local mais alto, longe de encostas e relativamente distante das margens de rios e antigas áreas naturais de escoamento e acúmulo de água. Assim, estará menos exposto a danos materiais e econômicos, terá menos bloqueios em suas rotas de deslocamento e correrá menos riscos de morte por doenças, arrastes e soterramentos.