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Sobrevivencialismo e a Criminalidade ToC
Sobrevivencialismo e a Criminalidade
Sobrevivencialismo e a Criminalidade
A criminalidade é um fenômeno inerente à socialização humana. Em qualquer sociedade ao longo da história sempre existiram agrupamentos organizados com fins ilícitos dentro da comunidade a qual se inseriam. Com a globalização, não nos preocupamos apenas localmente com criminosos, os tentáculos do crime organizado perpassam fronteiras passando a ser, além de uma ameaça ao indivíduo, assunto de segurança nacional. Para se ter uma ideia, a política e a estratégia nacional de inteligência mencionam em seus textos a necessidade de cooperação internacional para combater ilícitos transnacionais, terrorismo, corrupção e suas interligações com o crime organizado dentro do Estado.
Apesar da violência estar presente desde os primórdios e em qualquer agrupamento humano, com o fortalecimento do Estado e do auxílio mútuo internacional, o crime passou a se organizar cada vez mais de modo a resistir à repressão e consequentemente a violência urbana tem um crescimento diretamente proporcional à força destes grupos nas regiões em que atuam.
No Brasil, as taxas de homicídios cresceram juntamente com o fortalecimento das facções criminosas surgidas na década de 70 durante o governo Costa e Silva no regime militar. Naquela época, muitos presos políticos de extrema-esquerda, integrantes de guerrilhas como MR8, VAR Palmares e Guerrilha do Araguaia, eram treinados por agentes de países socialistas como China, Cuba, URSS e Iugoslávia com a finalidade de subverter outras nações para fazer a revolução socialista.
Tais presos políticos foram colocados em contato com criminosos comuns no presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande-RJ e este encontro aproximou pessoas com habilidades criminosas distintas e complementares: os presos comuns aprenderam sobre organicidade, não rendição, estratégia, subversão, organização e planejamento, espionagem, infiltração, guerra de guerrilhas, produção de armamento, apoio médico de combate etc., ao passo que os intelectuais marxistas conseguiram braços de execução para acelerar o processo revolucionário.
Encontraram aí, nos criminosos comuns, o substituto para a classe proletária de Marx, como previsto pela escola de Frankfurt: o lumpesinato, os marginalizados do sistema com grande propensão a serem instrumentalizados para destruí-lo (não é mera coincidência a nova mudança da classe revolucionária atual, as minorias LGBT, feministas, BLM, etc. O marxismo não se importa com quem fará a revolução - se o proletário como na revolução Russa, se o camponês como na revolução Chinesa, se o lumpesinato ou se as minorias contemporâneas). Está formado então o Comando Vermelho (coincidência?). Não à toa a vanguarda intelectual da esquerda fomenta e protege bandidos, a intenção é criar o caldo social propício, o caos social desesperador, o cenário favorável para a implantação de violentas ditaduras socialistas. Quanto mais decadente a sociedade, menos esperança a população terá em seu sistema atual e buscará alternativas, por isso a violência urbana é uma das ferramentas que impulsiona a ascensão comunista (Dentre outras como destruição da família, moral cristã, degeneração da juventude etc.). Sim, a esquerda deseja que a segurança pública fracasse e você esteja exposto cada vez mais à violência do banditismo.
Segundo o IPEA, em 1980 a taxa de homicídios era 11,69 a cada 100 mil habitantes, passando para 31,59 em 2017, uma correlação quase direta com a ascensão do CV durante os anos 70, do PCC que surge em Taubaté durante os anos 90 e posteriormente outras facções como o terceiro comando, amigos dos amigos e família do norte. Cada uma controlando, à base do terror, alianças temporárias entre si e com grupos internacionais, os territórios nas regiões em que o vácuo do poder estatal criou brechas para atuação e controle destas facções. Existem movimentos sociais e uma parcela da população que pede a desmilitarização e o corte de fundos da polícia, representante do estado, criando vácuos de poder. Conseguem imaginar as consequências? Já se perguntaram quem está por trás desses movimentos?
As facções são representantes de “estados paralelos” alternativas ao Estado que, com constante atuação na sociedade civil, possuem grande influência em diversos campos da vida, como nas universidades,na cultura, na mídia, além da infiltração nos poderes executivo, legislativo e judiciário contando com a figura de políticos, procuradores, juízes, promotores, e outros influenciadores sociais que trabalham, conscientemente ou não, para uma revolução. Tais facções se valem da corrupção e do poder investido para controlar o Estado, direcionando a sociedade aos interesses marxistas. A influência destes grupos vai além das instâncias decisórias do Estado que afetam indiretamente a segurança da população, atuam também no dia-a-dia. Um bom exemplo são os condomínios cariocas e comércios nas proximidades dos morros que pagam aos traficantes para que não existam ações criminosas na vizinhança.
O crime organizado passa a portar-se como o Leviatã hobbesiano em que a população abre mão de parte de suas garantias individuais para obter segurança sob uma intimidação difusa do novo poder imposto nestas regiões em que o Estado estabelecido não consegue garantir uma de suas funções primordiais, a segurança da população. Há uma relação de suserania e vassalagem entre os grandes chefes das facções e os criminosos comuns, estes juram lealdade e obediência àqueles, garantindo assim o controle de onde haverá e onde não haverá crime, tanto é que em diversas comunidades, a taxa de crimes é baixa devido ao código de conduta e leis impostas pelas facções em seus territórios.
Por que a lei do crime funciona? Lá não existe “Direitos Humanos”, existe a imposição à força, punições certas e severas, contrariando uma das ideias de Cesare Beccaria, criminólogo iluminista autor de “Dos delitos e das pensa” que garante que a punição é mais eficaz sob penas brandas mas certas do que penas mais duras. No caso, o crime organizado consegue garantir a execução de penas que são ao mesmo tempo fortes e certas.
O tribunal do tráfico consegue de forma mais eficiente que o próprio estado garantir a prevenção geral (inibir que outros cometam o mesmo crime) e especial (Prevenir a reincidência do próprio autor) no cometimento de novos crimes proibidos ou em áreas restringidas pelas facções.
Esta rede de crime organizado é responsável pela violência e falta de segurança grande parte dos aspectos da vida social, não somente referente ao bandido que te assalta à mão armada, mas também ao bandido que suga a vitalidade social da nação, causando crises sociais e econômicas. Sempre repito, economia também faz parte da sobrevivência, um país como a Venezuela é um bom exemplo do que estou dizendo. Uma pessoa em estado de necessidade crítica é capaz de suspender todas convenções morais para saciar-se, se ocorre em uma população inteira, o caos é certo. Estudos realizados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) defendem que grande parte dos homicídios no mundo, são realizados por membros de facções criminosas ou decorrentes de efeitos indiretos das ações destes grupos. No Brasil, tivemos em média, 54.000 homicídios anuais entre 2012 e 2019, grande parte decorrente de guerras entre facções, e ações diretas do crime organizado ou, de maneira indireta, como consequência de suas atividades ilegais, como por exemplo os usuários de drogas não-membros que cometem crimes sob o efeito das substâncias.
A decisão humana de se cometer ou não um delito ou estruturar uma organização criminosa segue a lógica da teoria dos jogos aplicada à criminologia. O economista Gary Becker propôs a “Rational Choice Theory”, antecipando a probabilidade de um determinado grupo ou indivíduo em uma determinada sociedade cometer delitos. Basicamente um cálculo econômico em que o benefício marginal do delito é superior ao risco marginal de ser punido ou repreendido.
Imagine uma sociedade hipotética em que a população é desarmada, tem uma mídia que protege criminosos, financia o inimigo comprando produtos contrabandeados e drogas, critica as forças de segurança pública e idolatra comportamentos que dilaceram o tecido social sei que é distópico, mas façam um esforço imaginativo para visualizar. Ainda nesse cenário, considerem que uma “vítima da sociedade” planeje, com intuito de “justiça social”, cometer um ato ilícito, portando uma arma contrabandeada, consciente de sua superioridade ofensiva, pois sabe que há uma baixa probabilidade de que encontre sua vítima armada ou de que o sistema de segurança o puna, possuindo assim, uma alta chance de alcançar o retorno desejado (seja financeiro, pessoal, etc). Dentro do jogo, qual seria o movimento que maximizaria os ganhos deste indivíduo? Deixo a resposta a cargo de vocês.
Vivemos uma guerra assimétrica em que o cidadão e as forças do Estado precisam respeitar restrições legais e regras sociais que dão vantagens e maximizam o retorno cálculo do crime. Não existe uma retaguarda legal para a população e polícia de modo a enfrentar a criminalidade sem esbarrar na artimanha linguística dos chamados “direitos humanos” e a própria legislação penal vigente. Afinal, quem seria contra algo rotulado de “Direitos Humanos”? É um rótulo que deixa imoral qualquer discordância com sua essência real, no entanto, perdoe a analogia, atualmente o que se entende como direitos humanos não passa de feijão dentro de um pote de sorvete, o conteúdo a essência não condiz com a forma. Como pode uma doutrina prejudicial à parcela da população que mantém coesa a civilidade ser denominada “Direitos Humanos”?
Deste modo, enquanto a população não possui legalmente uma arma de fogo, é importante que saiba ao menos se defender com os meios legais que o Estado autoriza, tais como armas brancas ou combate corpo-a-corpo para defesa pessoal na rua ou balestras e carabinas para defesa residencial em caso de invasão de domicílio e conhecer as excludentes de ilicitude penal (Art.23 CP) em que o Estado autoriza o uso da força, principalmente a legítima defesa (Art.24 CP) e estado de necessidade (Art. 25 CP)
A redução da violência passa pela paz armada, conforme a teoria dos jogos e observado em termos macro na guerra fria entre EUA e URSS sob o conceito do MAD (mutual assured destruction) rearranjando o cálculo racional de se cometer um delito, entretanto, não só pela força se consegue reduzir o impacto da criminalidade no país. Um meio eficiente é o corte da fonte de financiamento dos grupos organizados, a fonte de receita que permite a ampliação das ações, compra de armamento dentre outras operações.
Como sempre digo, a sobrevivência vai muito além de salvaguardar sua integridade física e necessidades básicas, se sobrevive também ao se influenciar positivamente a cultura, a economia e a política do país. Devemos sim conhecer métodos de defesa como uso de armas e comportamentos que reduzam risco de sermos presas de criminosos, mas a sobrevivência vai muito além disso. Nosso papel nesta frente é combater as drogas, produtos pirateados e contrabandeados, assumir posturas mais maduras no seu trabalho contribuindo com a produtividade econômica, não consumir lixos culturais como funk ou qualquer outro tipo de artista ligado ao crime organizado e à degeneração social. De maneira indireta, reduzimos as forças da criminalidade e melhoramos a segurança pública e nossas vidas, é o processo de securitização (Abordar temas distintos sob o prisma do impacto em termos de segurança, como proposto pela escola de Copenhagen no âmbito das relações internacionais).