O Coração tem suas Razões que a razão desconhece.
Foi deflagrada uma colossal onda irracionalista, cujo epicentro está em Paris e seus arredores. O Irracionalismo tomou corpo pela desreferencialização do real, pela dessubstancialização do sujeito e pelo descentramento da política.
Em um líquido em repouso ou em equilíbrio, as variações de pressão transmitem-se igualmente e sem perdas para todos os pontos da massa líquida
Princípio de Pascal: O acréscimo de pressão exercida em um ponto em um líquido ideal em equilíbrio transmite-se integralmente a todos os pontos deste líquido e às paredes do recipiente que o contém.
Teorema de Pascal (formulado por Blaise Pascal quando tinha apenas 16 anos de idade): Em um hexágono inscrito em uma cônica, as retas que contiverem os lados opostos se interceptam em pontos colineares, ou seja, se os seis vértices de um hexágono estão situados sobre uma circunferência e os três pares de lados opostos se intersecionam, os três pontos de interseção são colineares.
É mais fácil suportar a morte sem pensar nela do que suportar o pensamento da morte sem morrer.
Nunca nos detemos no momento presente. Antecipamos o futuro que nos tarda, como para lhe apressar o curso ou evocamos o passado que nos foge, como para o deter: tão imprudentes, que andamos errando nos tempos que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence, e tão vãos, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexão o único que subsiste. É que o presente, em geral, fere-nos. Nós o escondemos à nossa vista porque nos aflige; e se nos é agradável, lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro, e pensamos em dispor as coisas que não estão na nossa mão, para um tempo a que não temos garantia alguma de chegar. Se você examinar cada um dos seus pensamentos, haverá de os encontrar todos ocupados no passado ou no futuro. Quase não pensamos no presente; e, se pensamos, é apenas para, à luz dele, dispormos o futuro. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são meios, o fim é o futuro. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver; e, preparando-nos sempre para ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos.
A Natureza detesta o vazio.
Uma gota de amor é mais que um oceano de intelecto.
Bom falador, mau caráter.
É muito difícil propor um problema ao entendimento alheio sem corromper esse entendimento pela maneira de propor! Se dizemos: acho isto belo, acho obscuro ou outra coisa semelhante, arrastamos a imaginação para este juízo ou a irritamos, levando-a ao juízo contrário. Mais vale nada dizer. E, então, o outro julgará segundo o que é ou segundo o que é naquele momento, e de acordo com o que as outras circunstâncias, de que não somos responsáveis, lá tiverem posto. Mas, pelo menos, nós não pusemos nada; a não ser que o nosso silêncio tenha também o seu efeito, segundo o sentido e a interpretação que ele estiver disposto a lhe atribuir, ou segundo o que depreende dos movimentos e da expressão do rosto ou do tom de voz, conforme for melhor ou pior fisionomista. Tão difícil é não deslocar um entendimento da sua base natural ou, antes, tão pouco um entendimento tem de firme e estável!
A desgraça descobre à alma luzes que a prosperidade não chega a perceber.
Aquele que duvida e não pesquisa se torna não só infeliz, mas, também, injusto.
Estamos cheios de coisas que nos empurram para fora. O nosso instinto faz-nos sentir que é preciso procurar a nossa felicidade fora de nós. As nossas paixões levam-nos para fora, mesmo quando os objetos se não oferecessem para as excitar. Os objetos de fora tentam-nos por si próprios e chamam-nos, ainda quando não pensamos neles. E assim, mesmo que os filósofos digam «recolhei-vos em vós mesmos; aí encontrareis o vosso bem», não se acredita neles...
Fiz esta carta mais longa do que o usual porque não tenho tempo para fazer uma mais curta.
Pode haver algo mais ridículo do que a pretensão de um homem me matar porque habita o outro lado do rio, e seu príncipe tem uma diferença com o meu, ainda que eu não tenha qualquer diferença com ele?
Tudo o que sei é que devo morrer em breve; mas o que mais ignoro é essa mesma morte, que não saberei evitar.
Eloquência positiva é aquela que persuade com doçura, não com violência, ou seja, como um rei, não como um tirano.
Se sonhássemos todas as noites a mesma coisa, ela nos afetaria tanto quanto os objetos que vemos todos os dias. E, se um artista estivesse seguro de sonhar todas as noites, durante doze horas, que é um rei, creio que seria quase tão feliz como um rei que sonhasse todas as noites, durante doze horas, que é um artista. Se sonhássemos todas as noites que somos perseguidos por inimigos e agitados por esses fantasmas penosos, e se passássemos todos os dias em diversas ocupações, como quando se faz uma viagem, sofreríamos quase tanto como se isso fosse verdadeiro, e apreenderíamos o dormir como se apreende o despertar quando se teme entrar em semelhantes desgraças realmente. E, com efeito, isto faria pouco mais ou menos o mesmo mal que a realidade. Mas, porque os sonhos são todos diferentes, e porque mesmo um se diversifica, o que se vê neles afeta bem menos que o que se vê acordado, por causa da continuidade, que não é, contudo, tão contínua e igual que não mude também, mas menos bruscamente, a não ser raramente, como quando se viaja. E, então, diríamos: «Parece-me que sonho». Pois, a vida é um sonho um pouco menos inconstante.
Deixemos um rei sozinho, sem nenhuma satisfação dos sentidos, sem nenhuma preocupação do espírito, sem companhia, a pensar apenas em si mesmo, e ver-se-á que um rei sem divertimentos é um homem muito desgraçado.
O rei está rodeado de pessoas que não pensam senão em o divertir e em impedir que pense em si mesmo. Porque, por mais rei que seja, se pensa nisso, é desgraçado.
A maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama.
O mundo está cheio de boas citações; só falta aplicá-las.
Quando lemos demasiado depressa ou demasiado devagar, não entendemos nada.
Dizem que o hábito é uma segunda natureza. Quem sabe, pergunto, se a natureza não é primeiro um hábito.
Para quem não anseia senão ver há luz bastante; mais para quem tem oposta disposição, sempre há bastante escuridão.
Quando considero a duração mínima da minha vida, absorvida pela eternidade precedente e pela eternidade seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que ignoro e me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui e não lá. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem me foram destinados este lugar e este espaço?
Duas coisas instruem o homem, qualquer que seja a sua natureza: o instinto e a experiência.